7 dicas de livros sobre criatividade

Desde criança, o assunto da criatividade sempre me fascinou e os livros foram um dos caminhos para me aprofundar e conhecer outras visões sobre o tema. Esse meu interesse que também me levou a me formar em Comunicação Social e depois fazer uma especialização em ‘Processos criativos da palavra e imagem’, pela PUC Minas.

Nesta publicação, vou compartilhar os principais aprendizados que eles me trouxeram. 

Mas, desde já, quero deixar um alerta: criatividade não é assunto que se aprenda só lendo ou estudando. Eu trabalho diariamente com criatividade há mais de 15 anos e posso te afirmar que não existe maneira melhor de enfrentar os desafios criativos do que criando. Porém, posso te garantir também que entender o que se passa na nossa cabeça e encarar os nossos fantasmas de frente pode elevar a sua produção criatividade para outro nível.

 

1• Roube como um artista, Austin Kleon

Curtinho, direto, subversivo e certeiro.

Nesse livro, Austin Kleon busca romper com a ilusão da originalidade tão atrelada ao conceito de criatividade. Segundo ele, nada é original, nada vem do nada. Todas as ideias foram criadas a partir da junção de outras ideias. Diante disso, um bom artista é aquele capaz de “roubar” coisas interessantes e, depois, remixar esses elementos criando uma nova composição.

“Roube qualquer coisa que ressoe em você, que te inspire ou abasteça sua imaginação. Devore filmes antigos, filmes novos, conversas aleatórias, arquitetura, pontes, sinais de rua, árvores, nuvens, bacias hidrográficas, luz e sombras. Para roubar, selecione apenas as coisas que falam diretamente à sua alma. Se você fizer assim, seu trabalho (e furto) será autêntico.” Jim Jarmusch 

Um outro ponto interessante que ele traz é a diferença do “bom roubo” para o “mau roubo”, ou da “inspiração” para o “plágio”.  O “bom roubo” exige estudo e mistura várias referências, honrando-as e transformando-as em algo novo, que traduza a visão do artista sobre o mundo. Enquanto o “mau roubo” rouba de apenas uma fonte, copiando e degradando a obra original.

Entre outras dicas, Austin Kleon nos aconselha a criarmos sobre aquilo que gostamos e não necessariamente sobre aquilo que conhecemos. Ele acredita que essa paixão é um poderoso combustível para a criatividade.

“Desenhe a arte que você quer ver, comece o negócio que quer gerir, toque a música que quer ouvir, escreva o livro que quer ler, crie os produtos que quer usar – faça o trabalho que você quer ver pronto.” Austin Kleon 

Com esse livro eu me libertei da peso da cobrança pela originalidade total. Também tomei consciência de um processo que eu já fazia intuitivamente: colecionar encantamentos e usá-los como matéria-prima para meus processos criativos.

 

2• A história secreta da Criatividade, Kevin Ashton 

Usando histórias reais e muitas pesquisas, Kevin Ashton nos mostra os bastidores do processo criativo em diversas áreas, desde as artes até a engenharia.

Uma leitura rica e cheia de curiosidades pra nos mostrar que a criatividade está ao alcance de todos, ou melhor, de todos aqueles que estiverem dispostos a se dedicarem de fato a ela.

Quando a gente pensa em criatividade, um monte de mitos e idealizações vem à nossa mente. Kevin cita alguns desses mitos que acabam limitando o nosso acesso ao nosso potencial: o mito do dom, o mito da inspiração, o mito de que as ideias são o centro da criatividade, o mito de que toda inovação será celebrada, entre outros.

“Não existem atalhos para a criação. O caminho é feito de muitos passos – nem retos, nem sinuosos, mas como um labirinto.” Kevin Ashton

Uma das histórias que ele conta é a de Woody Allen. Ao falar da recusa do cineasta em aceitar prêmios concedidos às suas obras, o Kevin nos alerta para o perigo de usarmos uma motivação extrinseca como impulsionadora para a criatividade. Segundo o autor, a chance de fazermos trabalhos menos criativos e de ficarmos mais frustrados aumenta quando temos em vista uma avaliação externa.

“Os lampejos de inspiração são externos – eles estão fora do nosso controle. O poder de criar deve vir de dentro. O bloqueio do escritor é esperar – esperar alguma coisa fora de você – e é somente um modo mais brilhante de dizer procrastinação ou “empurrar com a barriga”. Kevin Ashton

Esse livro me mostrou que os criadores mais bem sucedidos são aqueles capazes de realmente de ir fundo, se comprometerem com o seu trabalho e persistirem apesar dos desafios.

“Dizer ‘não’ tem mais poder criativo do que ideias, insights e talento combinados. Dizer ‘não’ poupa tempo, o fio com o qual tecemos nossas criações. A matemática do tempo é simples: você tem menos do que imagina e precisa de mais do que acredita.”

 

3• A ilusão de Ícaro, Seth Godin

O autor começa retomando o mito grego de Ícaro, que deu origem ao título. Após ganhar asas coladas para escapar de um labirinto, Ícaro acabou caindo no mar e morrendo. O motivo de sua queda teria sido a desobediência ao seu pai que o aconselhou a não voar muito alto para que a cera que prendia suas asas não derretessem.

Só que, segundo Seth Godin, existe uma parte desta história que foi esquecida. Poucos sabem que seu pai também teria orientado o filho a não voar muito perto do mar, porque a umidade destruiria as suas asas. Esse foi o motivo que, de fato, o fez cair, e não uma proximidade com o sol, ainda muito distante para aquecer a cera.

Seth Godin afirma que esse medo de “voar alto demais” ficou tão introjetado culturalmente que ainda impede as pessoas de usarem a sua criatividade e realizarem tudo aquilo que são capazes.

“Estamos com tanto medo de demonstrar arrogância, tanto medo da vergonha de nos dizerem que voamos alto demais, tão paralisados pelo receio de que não nos enquadramos, que caímos na propaganda e não fazemos o que somos capazes de fazer.” Seth Godin

O autor traz também uma nova definição para arte. Para ele, a arte é a capacidade que as pessoas têm de se conectarem umas com as outras, de uma forma tão generosa que seja capaz de provocar mudanças. Você pode ser médico, advogado, contador, não importa a sua profissão. Importa a sua disponibilidade de se entregar, ir fundo nos processos e questionar a realidade à sua volta.

“Arte não é uma coisa feita por artistas. Artistas são pessoas que fazem arte. (…) Arte não é beleza. Arte não é pintura. Arte não é algo que você dependura na parede. Arte é o que fazemos quando nos sentimos realmente vivos. (…) Um artista é alguém que usa a bravura, insights, criatividade e ousadia para desafiar o status quo.” Seth Godin

Ele afirma que estamos começando uma nova era, a Era da Conexão, e que as pessoas que vão se destacar daqui pra frente serão aquelas capazes de se comprometerem com a sua arte, seja ela qual for.

Com esse livro eu aprendi que, quando unimos criatividade e coragem, podemos criar conexões verdadeiras e profundas com os outros e assim somos capazes de nos transformar e transformar a realidade ao nosso redor. 

 

4• A grande magia, Elizabeth Gilbert

Se você acompanha o meu trabalho há um tempo, deve saber que eu acredito que a criatividade e o encantamento estão intimamente conectados, certo?

Então, imagina a minha alegria ao me deparar com esse livro que, já no título, une magia e vida criativa. Agora, multiplica essa alegria por dois ao me deparar com um capítulo inteiro chamado “encantamento”. Ah, faltou mencionar que o livro foi escrito por uma escritora que eu super admiro, a Elizabeth Gilbert. Sim, é muita felicidade para um livro só!

E a leitura não me decepcionou, pelo contrário.

De forma fluída e usando as próprias experiências como exemplos, Elizabeth vai nos mostrando a sua forma peculiar de enxergar a criatividade.

Desde o início, ela faz o alerta de que não se trata de uma maneira moderna, científica ou racional de ver as ideias.

A autora acredita que o processo criativo é uma força de encantamento. Algo literalmente mágico, no sentido Hogwarts de ser. Vou deixar que ela mesmo te explique a sua teoria:

“Acredito que nosso planeta é habitado não apenas por animais, plantas, bactérias e vírus, mas também por ideias. São completamente separadas de nós, mas capazes de interagir conosco – ainda que de modo estranho. As ideias não têm um corpo material, mas têm consciência, e certamente, têm vontade própria. São movidas por um único impulso: o de se manifestar. E a única maneira pela qual uma ideia pode se manifestar é por meio da colaboração de um parceiro humano. Ela só pode ser escoltada do meio etéreo para o reino da realidade através dos esforços de um humano.”

Bem diferente essa visão, né? Mas, dentro de mim, fez sentido. Por mais que a gente possa aprender e exercitar a criatividade, existe algo de incontrolável neste processo, e por que não nomear essa imprevisibilidade de magia? Validade científica à parte, acredito que uma relação mais personificada com as ideias tende a gerar mais abertura e proximidade.

Elizabeth também aborda sobre a importância da permissão, da persistência, da confiança e da coragem no processo criativo.

E, falando em coragem, achei infeliz a tradução do subtítulo para o português, dando a entender que é possível viver criativamente sem medo, o que a própria autora contradiz. Segundo ela, nessa viagem pela criatividade, o medo sempre será nosso companheiro. Ele só não precisa assumir o volante.
Com esse livro, eu aprendi a ver as ideias de uma forma ainda mais encantadora e mágica.

Dica extra: se você fala inglês, vale à pena ouvir a série de podcasts dela chamada Magic Lessons, onde ela conversa com vários artista incríveis.

 

5• Criatividade – Liberando sua Força Interior, Osho

 

Qual a relação entre criatividade e espiritualidade?

Essa foi a pergunta que eu me fiz e que você pode estar se fazendo aí agora diante da capa deste livro.

Para o mestre espiritual Osho, criatividade é permitir que Deus se manifeste. Ser criativo é se entregar a uma força maior do que você.

“Se algo cresce demais dentro do seu ser, ele o faz crescer, ele é espiritual, ele é criativo, ele é divino.”

Para que a criatividade aconteça, é preciso voltar-se para dentro de si mesmo e libertar-se do poder do ego.

Segundo ele, são 5 os principais obstáculos para uma vida criativa: a autoconsciência, o perfeccionismo, o intelecto, as crenças e o jogo da fama.

“Quando a ambição aparece, a criatividade desaparece – pois a pessoa ambiciosa não pode ser criativa; uma pessoa ambiciosa não consegue amar nenhuma atividade. (…) ela passa o tempo todo pensando no futuro – mas a pessoa criativa está sempre no presente.”

Ele aponta também as 4 chaves para se alcançar a criatividade: voltar a ser criança, manter-se disposto a aprender, procurar felicidade nas coisas simples e ser um sonhador.

“O criador tem que ser capaz de parecer idiota. O criador tem que por em risco o que se chama respeitabilidade.”

Osho fala que de nada adianta procurarmos sentido na vida como mero espectadores. O sentido da vida a gente não encontra, a gente cria. Criar é o que traz sentido à humanidade.

Essa foi uma leitura bem profunda e que me fez refletir sobre muitas coisas, entre elas, a minha grande necessidade de racionalizar quase tudo. Com ela eu aprendi que desaprender pode ser ainda mais importante do que aprender quando se busca alcançar a criatividade.

 

6 • O caminho do artista, Julia Cameron

Se eu pudesse indicar apenas um livro para quem quer realmente colocar a criatividade em prática, com certeza, seria esse. Mas aviso: é preciso bastante comprometimento e disposição.

Após um período de bloqueio interior, a roteirista hollywoodiana Julia Cameron começou a desenvolver um método para se reconectar com o seu potencial criativo. Esse método virou um workshop que ajudou artistas de várias áreas a se desbloquearem. Algum tempo depois, ela decidiu compartilhar esses aprendizados neste livro.

O conteúdo é dividido em 12 semanas e a proposta é que o leitor parta, de fato, para a ação.
As ferramentas, exercícios e reflexões que ela traz fizeram tanto sentido para mim que eu continuo aplicando no meu dia a dia e ensinando algumas delas nos cursos que eu dou sobre criatividade e escrita criativa.

“Dê a si mesmo a permissão para ser um iniciante, Ao se permitir ser ruim, você passa a ter a chance de ser um artista e, talvez, com o tempo, se tornar muito bom.”

Entre as ferramentas que ela propõe estão a escrita diária de 3 páginas matinais, com pensamentos em livre associação, e o encontro com o artista, um compromisso semanal com a nossa criança interior.

“Ao fazer as páginas matinais, você estará enviando – notificando a si mesmo e ao Universo sobre seus sonhos, insatisfações e esperanças. Ao fazer o encontro com o artista, você estará recebendo – abrindo-se a descobertas, inspiração e orientação.”

Assim como no livro do Osho, que eu falei anteriormente, Julia também propõe que o caminho do artista é um caminho espiritual. Em muitos momentos, ela fala em Deus, mas propõe que a gente reveja esse conceito e sugere para que cada um possa substituir essa palavra por outra que lhe fizer mais sentido. Para ela, Deus é uma fonte ou um fluxo de energia que permeia tudo e que gosta de se expandir. Esse Grande Criador está disposto a colaborar de forma conosco generosa e criativa. Para receber a sua colaboração, devemos nos libertar de algumas crenças limitantes e estarmos dispostos a ouvir a nossa voz interior.

“Quando nos abrimos à nossa criatividade, nós nos abrimos à criatividade do criador dentro de nós e de nossa vida.”

Com esse livro, eu aprendi cuidar melhor da minha relação com a criatividade, a abrir espaço diariamente para que ela flua e para me ouvir. Ele me relembrou também da importância de fazer pausas e inserir momentos de diversão para alimentar o processo criativo.

7• “Criativo e Empreendedor, sim, senhor”, Rafa Cappai

Mas antes de falar sobre este livro, preciso confessar uma coisa: eu nutria uma certa aversão a essa palavra: em-pre-en-de-do-ris-mo. Só de ouvi-la já pensava em um ser engravatado falando de números e gráficos. E, com isso, nem sequer cogitava me tornar uma empreendedora algum dia.

Foi conhecendo o trabalho da Rafa Cappai, não apenas como escritora, mas como uma artista  multipotencial, que eu passei a enxergar o empreendedorismo de uma forma diferente.

Para mim, um dos grandes diferenciais desse livro é falar de igual para igual, ou melhor, de criativo para criativo. Ao invés de termos técnicos, ela usa uma linguagem descontraída, impactante e bem humorada. Em vários momentos, senti que as minhas dúvidas e anseios estavam traduzidos em suas palavras.

“Confessa! Você é um curioso duma figa. Não se cansa de aprender coisas novas, não curte rotina, adora viajar, experimentar coisas diferentes e tem ideias a todo momento. Tipo agora. E outra. E mais outra.” Rafa Cappai

Rafa mostra que é possível, sim, viver e ganhar dinheiro exercendo a sua criatividade. E, a melhor parte, é que o cenário nunca esteve tão favorável a quem quer empreender de forma criativa.

“Para mim, fazer o que ama não é chutar o balde. (…) Chutar o balde é desperdiçar sua vida sabendo – e sentindo! – que deveria estar fazendo outra coisa.” Rafa Cappai

Apesar disso, não se engane: esse não é um mundo cor de rosa. Ela faz questão de ressaltar que essa não é uma escolha para todo mundo e que é preciso aprender a lidar com os obstáculos (ou precariedades) pelo caminho.

“Empreender não é bolinho, mas é uma delícia. Não é tarefa fácil nem glamorosa. Não é contos de fadas e, na real, está mais para gata borralheira… É trabalho duro, tipo de operário, só que de sonhos. Por isso mesmo precisa de muita estamina, porque você não vai correr um sprint, mas uma maratona (às vezes por toda uma vida).” Rafa Cappai

Mas, não se preocupe, nem por isso, o livro é do tipo que joga um balde de água fria em nossos sonhos. Pelo contrário, a Rafa tem o dom de nos injetar algumas doses extras de coragem.


Ela também nos aponta vários caminhos para trazermos ideias e negócios ao mundo, de forma autêntica, criativa e empreendedora.

“Pense assim: seus talentos, paixões e habilidades são os ingredientes. O seu negócio é uma sopa. E sua função é criar uma receita que combine o máximo deles, mas sem perder o sabor harmonioso (ou até mesmo curioso), de um jeito que as pessoas vão sentir vontade de tomar. E vão querer continuar tomando.” Rafa Cappai

Olhando assim parece simples, né? Pois é, a Rafa tem o dom de simplificar as coisas, sem com isso torná-las simplistas. E, foi através desse jeito mais acessível de enxergar o mundo dos negócios que eu passei a ver uma possibilidade até então inédita: a de me tornar uma empreendedora da minha própria carreira criativa.

 

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Dani Brandão

Encantadora de palavras e imagens. Facilitadora de fluxos criativos. Criadora da Waau. 

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