Tem algumas coisas que já são incríveis apenas pela sua beleza. O simples fato de olhar pra elas já nos provoca “waaus”, é puro encantamento para os olhos. O belo é tão útil quanto as coisas úteis, já disse uma campanha publicitária.
Não sei se é assim com você, mas quando eu descubro que, além de lindo, um objeto é carregado de história e significados, aí então é que ele se torna ainda mais especial para mim.
Foi assim quando descobri não apenas uma, mas várias histórias relacionados aos origamis em formato de pássaros, os tsurus, aves da família das grous.
Nossa primeira história, na verdade, trata-se de uma lenda milenar segundo a qual um tsurus é capazes de viver até 1.000 anos e quando alguém dobra 1.000 origamis com o seu formato, mentalizando um desejo, esse desejo se torna realidade.
A segunda história mistura esta lenda com um fato real. Quando correu assustada em meio a uma nuvem negra, Sadako Sasaki tinha apenas 2 anos e não fazia ideia do que lhe esperava. Era 6 de agosto de 1945 e a cidade era Hiroshima, no Japão. Ao que tudo indicava, a menina tinha saído ilesa daquele dia. 10 anos se passaram para que ela tivesse o primeiro sintoma de leucemia, em consequência da radiação. Internada no hospital, ela recebeu a visita do melhor amigo. Ele a presenteou com uma dobradura que ele mesmo fez no formato de pássaro e contou-lhe sobre a lenda dos mil tsurus. Sadako estava decidida. Iria fazer os mil tsurus, desejando a sua recuperação. A doença, no entanto, não dava tréguas. Mesmo cada vez mais debilitada, ela não se entregava e continuava a dobrar lentamente os pássaros. Ao perceber que sua doença era fruto da guerra, ela passou a desejar também a paz para toda a humanidade. Seu sonho era que nenhuma criança mais tivesse que sofrer algo assim. Sadako montou seu último tsuru, o de número 644, na manhã de 25 de outubro de 1955. Tocados pela história, seus colegas delas dobraram os 356 origamis restantes. Todos os mil foram enterrados com ela. Os colegas dela não pararam por aí. Eles formaram uma associação e iniciaram uma campanha para construir um monumento em memória à Sadako e à todas as crianças mortas e feridas pela guerra. Em 1958, foi erguido o “Monumento das crianças à paz”, também conhecido como “Torre dos Tsurus”, no Parque da Paz, em Hiroshima.
Ainda hoje, milhares e milhares de tsurus de papel colorido são enviados de toda parte do Japão e do mundo para Hiroshima todos os anos. Uma forma de dizer que o sonho de cada criança é importante e deve ser preservado.
A terceira história também é uma lenda japonesa. Conta-se que um camponês estava caminhando pela floresta, quando encontrou um tsuru agonizando. Ele o levou para casa e cuidou dele até que se recuperasse e o soltou. Um tempo depois, bateu na na casa do camponês uma linda moça que lhe deu um belo tecido feito por ela, chamado de 1.000 penas de tsuru. Muito pobre, o camponês acabou vendendo o tecido e ganhando muito dinheiro. Quando ele re-encontrou a jovem, perguntou se ela poderia fazer-lhe outro tecido, pois ele estava precisando muito. A jovem concordou e dias depois lhe entregou o tecido. Ele agradeceu, mas percebeu que ela estava muito abatida e resolveu segui-la. Quando chegou na casa da jovem, viu um tsuru, quase sem penas. Era o mesmo que ele salvara anteriormente. Quando ele se aproximou, o tsuru se transformou na jovem. Ela olhou para o camponês com docilidade e gratidão, mas caiu sobre os seus braços já sem forças. Entristecido, o camponês passou a dobrar tsurus de papel, como forma de se desculpar pela ganância e agradecer ao tsuru pela sua generosidade.
E, pra completar, aquarta história foi a da holandesa Mariëlle. Uma iniciativa recente que comoveu muitas pessoas. Sua ação não tem uma ligação direta com as lendas, mas ainda trás a mensagem de paz e felicidade. Após retornar de um trabalho voluntário na Índia, ela se viu perdida em seu próprio país e decidiu fazer algo para se reconectar àquelas pessoas. Ela resolveu dobrar 1.000 tsurus e oferecê-los a 1000 estranhos como uma forma de mostrar que se importa com eles e alegrar seus dias. O vídeo abaixo mostra um pouco do processo.
Paz, longevidade, sorte, prosperidade, felicidade, esperança, realização dos sonhos, carinho, gratidão e gentileza: todos esses significados estão associados aos tsurus. É por isso que tem se usado cada vez mais esses origamis em casamentos. Eles ficam lindos na decoração de festas, usados soltos ou como móbiles.
Os tsurus são também ótimos para lembranças ou presentes, além de poderem ser usados para enfeitar a casa e trazer boas energias. Esse da foto aí debaixo eu fiz em tamanho reduzido e coloquei suspenso por uma linha nesse potinho de vidro, com miçangas no fundo e decorei com washi tape, você também pode usar fitas ou rendas pra dar um charme.
Quer aprender a fazer os tradicionais origamis de tsuru? Não é díficil, é só seguir o passo-a-passo da imagem ou se preferir, asssitir a este vídeo aqui.
Selecionei mais algumas formas de se usar os tsurus para te inspirar também: veja aqui.
Se você fizer os seus, me mande as fotos, vou adorar!